Solidão pode ser considerada uma companhia? E uma companhia aprazível? Existirão milhões de respostas saindo da boca de diferentes pessoas. Algumas dessas respostas irão facilmente te converter ou tornar-te ainda mais temente a uma religião, outras farão com que você inicie uma busca por um companheiro para passar o resto dos teus dias e todas vão ser consideráveis, porque o que vale é pensar nas possibilidades, afinal. A solidão é uma dádiva para os que sabem como lidar com sua presença; pois há quem já tenha passado a lâmina nos pulsos e há quem tenha dado as costas e afundado a vida em festas e vícios vazios só para tentar comprovar sua inexistência.
Ninguém nunca está sozinho, mas nem sempre estamos acompanhados... Um fato que consegue passar batido vez ou outra. Pessoalmente, consigo materializar a solidão (o que soa contraditório, eu sei) e acabo gostando tanto da dita, que sinto receio. Às vezes posso jurar que senti ela comigo em algum momento da semana. E é sempre bom sentir que tem alguém por mim, mas a frustração é gigantesca ao saber que isso não vai poder me acompanhar àquele congresso que eu queria tanto ir. E o quarto tem grande parcela de culpa em tudo isso, é o maior portal de solidão existente... Lá já foi o palco das vezes que a solidão me fez sentir invencível e, ocasionalmente, das vezes que me senti um balde de lixo esquecido.
Eu e a solidão mantemos uma relação que eu só consigo definir como "não resolvida". Por vezes me atrevo a retratar o ápice do entendimento sobre a solidão: sentir-se fraco, veias dilaceradas, sangue escorrendo, olhos fechando... A pessoa que cria uma teoria sobre a solidão à meia noite e trinta e quatro, em uma terça-feira do mês de maio, ouvindo o The Wall do Pink Floyd completo no mp4 preto com fone de ouvido branco, só pode mesmo ser uma pessoa solitária.
Cruzes.
Teorias; a humanidade já tem tantas...